Pré-candidato à Presidência da República em 2018, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) disse que a ex-presidente Dilma Rousseff fez um governo “indescritível” e que ainda está “tonta” desde o impeachment. Em palestra no congresso da Associação de Estudantes Brasileiros no Exterior (Brasa), na Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos, Ciro também chamou o presidente Michel Temer de “ladrão fisiológico” e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), de “farsante”.

Segundo ele, Dilma é uma “pessoa honrada que sofreu um golpe”, mas que perdeu o cargo também por incompetência. “Foram as duas coisas. Eu não sei porque na sua cabeça essas situações se manifestaram como antagônicas”, declarou ao debater. Ciro é irmão do também ex-governador cearense Cid Gomes (PDT), que foi ministro da Educação da petista.

Na avaliação dele, Dilma também caiu por não compreender o que acontecia à sua volta. “Houve uma fratura que explodiu politicamente na ruptura da democracia brasileira com a queda da Dilma, penso eu e eu estou disponível a discutir, que não entendeu nada do que estava acontecendo e resolveu abordar o assunto com marquetagem e fuleiragem de renúncia fiscal do seu Guido Mantega. Passou um avião por cima dela com quatro asas e três pneus e até hoje ela está tonta para entender o que aconteceu”, declarou.

Candidato ao Planalto em 1998 e 2002, Ciro admitiu que pode concorrer novamente à Presidência mesmo se o ex-presidente Lula entrar na disputa, contrariando o que havia dito em entrevista à Folha de S.Paulo na semana passada.

“Quem decide a minha candidatura sou eu, e só dependo de uma circunstância: o PDT confirmar meu pleito. Quando digo que não gostaria de ser candidato se o Lula também for, não é uma homenagem propriamente a ele, embora acredite que PT e PDT possam seguir juntos, apesar de nossas diferenças. Mas, se ele for candidato, passionaliza e polariza de tal forma o ambiente que os eleitores terão dificuldade de encontrar meu discurso, centrado em temas que considero sérios, distantes da polarização simplória que ele representa”, disse.

Para o pedetista, os seus principais adversários em uma eventual disputa em 2018 são Lula e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “Dória é um farsante que se apresenta como não político, mas já lá no governo (do então presidente) José Sarney (PMDB) era presidente da Embratur, e recebeu várias benesses, com o passar dos anos, dos governos do PSDB. Derrotá-lo numa disputa nacional é moleza; daria uma surra nele. Já o Alckmin, mesmo com o (deputado federal) Jair Bolsonaro (PSC) tirando muitos votos dos tucanos, é muito mais complicado. Ele sai com o apoio de 50% de São Paulo, quase 15% do Brasil.”

O pedetista disse, ainda, que é “zero” a chance de a reforma da Previdência ser aprovada pelo Congresso e criticou duramente Temer e seus ministros. “Ele aumentou em 2000% as verbas para a imprensa, a publicidade. Ele aumentou a liberação das emendas fisiológicas para os deputados em 30%, que, por regra, é para os deputados. Ninguém vai colher maçã em pé de laranja, meu irmão. Você esperar austeridade de um governo liderado por um corrupto cercado por uma quadrilha de bandidos por todos os lados. Eu conheço eles, pessoalmente.”