Manaus-Am – A experiência exitosa de Manaus no processo de implantação das ações de vigilância do óbito por tuberculose fez com que a Prefeitura de Manaus fosse convidada para apresentar, em Brasília, as atividades executadas na capital.   As exposições serão feitas pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e vão acontecer nos dias 11 e 25 de maio, durante a realização de duas oficinas para a Implantação da Vigilância do Óbito com Menção de Tuberculose.

“Promovidas pelo Ministério da Saúde, as oficinas têm o objetivo de capacitar profissionais que trabalham com o programa de controle da doença para a implantação da vigilância do óbito em outros municípios e Estados. E o trabalho realizado em Manaus será apresentado como uma das experiências de sucesso executadas em municípios brasileiros”, explica o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi.

A apresentação da experiência de Manaus nas oficinas será feita pela chefe do Núcleo de Controle da Tuberculose, enfermeira Dinah Cordeiro. Ela esclarece que a Semsa já realizava o monitoramento dos casos, mas iniciou a implementação do protocolo para a Vigilância do Óbito com Menção de Tuberculose, recomendado pelo Ministério da Saúde, no ano passado, quando Manaus registrou 84 mortes pela doença.

Foram estabelecidas ações de fluxo de informação e processo de trabalho, incluindo a participação de representantes de Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Distritos de Saúde (Disas), da Vigilância Epidemiológica municipal, da Vigilância Epidemiológica Hospitalar, do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e dos programas estadual e municipal de Controle da Tuberculose.

O trabalho de vigilância do óbito, informa Dinah Cordeiro, busca identificar as condições individuais e de acesso aos serviços de saúde entre os pacientes com tuberculose que evoluíram para o óbito, além de possibilitar o exame de pessoas que tiveram contato próximo com paciente e não foram avaliados pelos serviços de saúde, correndo maior risco para desenvolver a doença.

“A intenção é compreender como o processo de adoecimento evoluiu para o óbito, analisando desde o comportamento individual do paciente até as ações executadas nos serviços de saúde para o tratamento. Com essas informações é possível propor medidas para reduzir o número de mortes por tuberculose”, afirma Dinah Cordeiro.

A investigação dos casos é realizada pelos técnicos responsáveis pelo Programa de Controle de Tuberculose nos Distritos de Saúde (Norte, Leste, Oeste, Sul e Rural), com o apoio das equipes de Vigilância em Saúde.

A equipe busca informação junto à família do paciente, visitando a residência, questionando sobre o início dos sintomas, quantas Unidades de Saúde ele procurou até chegar ao diagnóstico, o início do tratamento e os exames realizados para a confirmação da doença. Além disso, é feita a investigação nas Unidades de Saúde, com verificação dos prontuários e procedimento realizados no cuidado com o paciente.

Perfil – Na investigação de óbitos no ano passado, a Semsa identificou que 60% dos pacientes eram do sexo masculino, com média de idade de 54 anos, e a forma pulmonar da doença foi predominante em 60,7% dos casos. A Semsa investigou amostras de 28 óbitos.

“Também identificamos que a maioria dos óbitos estava associada a outras comorbidades, como pacientes com HIV, neoplasias (câncer) e hepatopatias (doenças no fígado), e situações de alcoolismo e tabagismo. Encontramos ainda pacientes com histórico de abandono do tratamento e de diagnóstico tardio”, destaca Dinah Cordeiro, lembrando que o índice de abandono de tratamento em Manaus é de 13%.

Casos – A incidência da tuberculose em Manaus ainda é considerada alta. Com 2.290 casos novos registrados em 2017, a taxa de incidência no município é de 105,5 para cada 100 mil habitantes. Este ano, a Semsa já registrou 705 novos casos.

Doença – A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada pelo bacilo de Koch, que afeta prioritariamente os pulmões. O principal sintoma é a tosse. Ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos.

A recomendação é que toda pessoa com tosse por três semanas ou mais seja examinada. Outros sintomas são febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e cansaço/fadiga.

Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados exames como a baciloscopia (exame de escarro), teste rápido molecular para tuberculose, cultura para microbactéria e exames de imagem.  A rede municipal de saúde dispõe de 97 postos de coleta de material para o exame de escarro. O tratamento é feito com esquema básico de medicamentos e dura seis meses.

Texto: Eurivânia Galúcio/Semsa

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