Manaus/AM – O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público do Amazonas (Gaeco – MPAM), com o apoio das Polícias Civil (PC) e Militar (PM), cumpriu na manhã de terça-feira (25), quatro mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão durante a Operação Collusione. O objetivo da operação é investigar a participação de diversas pessoas em organização criminosa com atividades de prática de lavagem de dinheiro, tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico de drogas e falsifidade documental, no Estado do Amazonas.

Em coletiva de imprensa, o Subprocurador-Geral de Justiça Carlos Fábio Monteiro explicou que o MPAM recebeu informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações suspeitas, de quantias altas em conta bancária de uma mulher que já possui participação em crimes de tráfico de drogas. “O Coaf remeteu pra gente, em janeiro, informações sobre movimentações atípicas nas contas de várias pessoas. A partir disso, passamos ao cruzamento de dados e ficou demonstrado que um número muito significativo de empresas e contadores, além de pessoas físicas, depositavam nas contas que descobrimos nos procedimentos abertos pelo Ministério Público”, disse o Subprocurador-Geral Fábio Monteiro.

Laboratório de combate ao crime – A investigação do Gaeco, que também teve a participação da 84ª Promotoria de Justiça que atua junto à 4ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes, detectou o envio de quantias de dinheiro de Manaus para a conta-corrente de outro investigado, na cidade de Tabatinga, região da tríplice fronteira (Brasil – Colômbia – Peru).

O material apreendido vai ser analisado pelo laboratório anti-lavagem de dinheiro para avaliar a participação de outras empresas e pessoas no esquema. ”No que se refere aos mandados de busca, havia escritório de contabilidade onde foram apreendidos documentos para gente verificar o indicativo de que poderiam estar sendo produzidos documentos para favorecer pessoas que estão hoje no sistema prisional. O nosso laboratório de lavagem de dinheiro que tem ligação com o Coaf recebe informações sobre qualquer movimentação atípica de quantias. Nós identificamos com isso que existem empresas de fachada para realizar as movimentações financeiras criminosas”, declarou o coordenador do Gaeco, Promotor de Justiça Reinaldo Nery.

Quebra do sigilo telefônico – A investigação também utilizou a quebra de sigilo de dados telefônicos, autorizada pela justiça, onde ficou demonstrada uma extensa relação de pessoas físicas que comercializavam entorpecentes para a organização criminosa. A investigação identificou empresários que acobertavam a atividade ilícita dos outros investigados. Um desses empresários forneceu guia de trabalho falsa para que um dos investigados, cumprindo pena no regime semiaberto, obtivesse benefícios penitenciários de forma indevida, como a remissão da pena (abatimento de um dia da pena para cada 3 dias trabalhados).

Participaram da operação, presidida pelo membro do Gaeco, Promotor de Justiça Flávio Mota, 101 pessoas. Os valores movimentados nas contas bancárias são da ordem de R$ 200 mil. “Se uma pessoa começa a receber, sem nenhuma justifcativa aparente, depósitos em conta e essa pessoa reside numa região de fronteira, isso é uma operação suspeita. E se a pessoa resiste em oferecer informações sobre sua fonte de renda também é uma operação suspeita”, declarou o Promotor de Justiça Flávio Mota.

Sobre o nome da operação – Collusione é uma palavra italiana que significa conluio. No contexto da investigação, observou-se a existência de verdadeiro conluio criminoso, entre um grupo de pessoas com forte atuação no tráfico de drogas e outro grupo, de empresários e contadores, que atuaria na lavagem de dinheiro proveniente da atividade ilícita.

Texto: Agnaldo Oliveira Júnior – ASCOM MPAM


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