O fornecimento fracionado ou até mesmo a falta do medicamento conhecido como “três em um”, utilizado no tratamento de portadores do vírus HIV,  pode prejudicar o estado de saúde dos pacientes em tratamento. Diante desse problema, representantes de Organizações da Sociedade Civil temem que mortes ocorram no Amazonas.

Segundo a representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV no Amazonas, Vanessa Campos, 45, que convive há 25 anos com o vírus, há duas semanas foi identificado, em Manaus, que o fornecimento está sendo realizado em quantidade para apenas dez dias, quando o correto seria para três meses. “O três em um, que é um complexo com três medicamentos, está sendo entregue em pequenas quantidades em Manaus. Isso pode ser totalmente prejudicial ao tratamento das pessoas. É muito grave”, disse.

Vanessa explicou que o medicamento é fornecido na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado  e que muitas pessoas se deslocam do interior para a capital amazonense para buscar o medicamento  vital para a manutenção da saúde deles. Contudo, a pequena quantidade pode desestimular muitos pacientes porque eles precisam voltar outras vezes e podem não ter recursos para fazer a viagem do município deles até a capital amazonense. “Além de cansativo, é caro para muitas pessoas virem do interior apenas para buscar esses medicamentos. Eles podem até se desmotivar e não virem mais”, avalia Vanessa Campos.

João Marcos Dutra, 22, representante da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS, afirmou que o medicamento em poucas quantidades e até a ausência do remédio é considerado como um atentado à vida de milhares de pessoas que convivem com o vírus no Amazonas. “Pode haver mortes no Amazonas se esse remédio continuar fracionado, pois vai desestimular muitos pacientes e muitos não possuem nem condições de ir sempre pegar essas pequenas quantidades”, garantiu Dutra.

O jovem, que foi diagnosticado com vírus há sete anos, criticou o que classificou como omissão por parte dos governos responsáveis. Segundo ele, o problema deve ser solucionado o mais breve possível. “Vemos que há muita omissão. Essas pessoas estão sem assistência e praticamente abandonadas pelos poderes que deveriam cuidar desse grave problema”, afirmou.

Outro problema é o abalo emocional que essa situação causa nos pacientes que estão iniciando o tratamento.

Sofrimento e apreensão – A dona de casa Marlúcia Leite da Silva, 54, contou que ontem precisaria ir à Fundação de Medicina Tropical para pegar o coquetel, mas estava com medo de não ter o medicamento  essencial para que ela viva com qualidade.

“A última vez que eu peguei deu para mais de um mês, mas acabou ontem (quinta-feira) e vou hoje (ontem)  pegar mais. Mas não tenho como negar que estou com medo, acho que todos estão se sentindo assim. É um remédio muito importante para a nossa vida, dependemos dele e a preocupação é inevitável porque a falta dele vai gerar sofrimento”, disse. Marlúcia descobriu que foi infectada há 14 anos e desde então utiliza o coquetel “três em um”.

Ministério da Saúde reduziu  envio dos remédios – A Coordenação Estadual de IST/AIDs e Hepatites Virais informou que o problema ocorre em todo o País, ocasionado pelo fato de o Ministério da Saúde (MS) não ter enviado aos estados a quantidade suficiente dos medicamentos.

Até o fechamento desta edição, o Ministério da Saúde não informou quando o fornecimento será normalizado.

Matéria: Acritica.com

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