Especialistas alertam que problema é uma pandemia silenciosa, muitas vezes ignorada

Doença crônica, progressiva e recorrente, a obesidade infantil atinge mais de 124 milhões de crianças em todo mundo, segundo estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com o Unicef. É considerada por muitos especialistas uma pandemia silenciosa, com complicações físicas e psicológicas, como aumento na incidência de problemas ósseos-articulares, distúrbios hormonais, asma, doenças do fígado e até doenças cardiovasculares, além transtornos de ansiedade, déficit de atenção, depressão, fobia social e, claro, bullying.

Como forma de alerta, o dia 3 de junho foi definido pela OMS como Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, cuja intenção é levantar o debate e a reflexão em torno da saúde pública das crianças, sobretudo em países de baixa e média renda, onde o estudo apontou altos índices do problema. No Brasil, por exemplo, 9,4% das meninas e 12,4% dos meninos são considerados obesos, de acordo com os critérios adotado pela OMS para classificar a obesidade infantil.

“Diversos fatores podem levar à obesidade infantil. Entre os mais comuns estão os genéticos, a alimentação inadequada, doenças hormonais e, claro, o sedentarismo, que ajuda a agravar ainda mais o quadro”, diz a endocrinologista e consultora médica do Sabin, Dorothy Carriço. Ela alerta também que a quarentena imposta pela Covid-19 pode levar a um aumento ainda mais preocupante do número de crianças obesas no país, tendo em vista a falta de atividades físicas e o elevado número de horas na frente de TVs, computadores ou smartphones, sem mencionar o fato de que parece haver uma importante relação entre a obesidade e as formas mais graves da infecção causada pelo novo coronavírus.

“O excesso de peso está diretamente ligado a doenças metabólicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, bastante frequentes entre pacientes com a forma mais grave da Covid-19, e que pode ser um problema para as crianças e adolescentes também”, pondera Dorothy Carriço.

Para evitar o agravamento da obesidade entre as crianças, a médica orienta os pais a evitarem alimentos industrializados, processados, e investirem mais nas frutas, verduras e legumes. “Também é importante incentivar as brincadeiras tradicionais, ao ar livre, como pular corda e jogar bola, ainda que seja no fundo do quintal ou na varanda do apartamento”.

Quem tem bebês de até dois anos também deve se preocupar com a qualidade dos alimentos oferecidos a esses pequenos. Conforme levantamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), realizado em 2018, 49% das crianças de 6 a 23 meses consomem produtos ultraprocessados, 33% ingerem bebidas adoçadas e 32,3% comem macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados. “Tudo isso colabora para a obesidade infantil e para a formação de futuros adultos obesos, com todas as consequências que isso implica à vida de uma pessoa”, frisa a consultora do Sabin.

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