Cerca de 18 mil alunos do ensino fundamental e do ensino médio do município de São Paulo têm a chance de aprender muito mais do que as lições de matemática, português e geografia. Eles ficam na escola, no mínimo, sete horas por dia e podem se integrar a projetos como Imprensa Jovem, Academia de Letras, além de aulas de dança e poesia. O objetivo da escola em tempo integral é ajudar a preparar o jovem para o mundo do trabalho, com experiências práticas em empresas, intervenções na comunidade, além de cursos profissionais e técnicos em que os estudantes escolhem as disciplinas de acordo com seus projetos de vida.

Na capital paulista, a Secretaria Municipal de Educação implementou o Programa São Paulo Integral em 71 escolas municipais em 2016. O programa foi ampliado e chegou a 146 escolas em 2019 – um aumento de 43% em relação ao ano anterior.

As aulas são ministradas por professores da rede municipal de ensino e formuladas com a participação da comunidade escolar seguindo as diretrizes do currículo da cidade de São Paulo. Enquanto os alunos ficam 7 horas na escola, uma jornada regular varia de quatro a cinco horas.

“Temos um grande desafio, que é ampliar o total de estudantes matriculados no ensino integral. Desde o seu lançamento, o Programa São Paulo Integral obteve bons resultados, num rápido crescimento. Nossa proposta é aumentar o acesso nos diversos pontos da cidade”, destacou o secretário municipal de Educação, Bruno Caetano.

A rede municipal de São Paulo tem 243,8 mil alunos na segunda fase do ensino fundamental e 2.389 no ensino médio.

Estado – A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) anunciou no último dia 21 de agosto a expansão do Programa de Ensino Integral (PEI) a partir de 2020. Para isso, as escolas terão de demonstrar interesse até o dia 13 de setembro. A expectativa da Seduc é atender cerca de 100 unidades escolares, que tenham, em média, 500 estudantes cada. O PEI é destinado às unidades que atendem a segunda fase do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e o ensino médio.

Neste programa, os estudantes passam a ter uma matriz curricular diferenciada que inclui preparação para o mundo do trabalho, orientação de estudos, além dos clubes juvenis, em que os alunos se auto-organizam de acordo com seus temas de interesse, como dança, xadrez, debates, entre outros.

Atualmente, o programa atende a 115 mil alunos – de um total de 1,5 milhão no ensino médio do estado.

Estudos realizados no estado apontam que o ensino integral ajuda a melhorar a aprendizagem dos alunos e aumenta a empregabilidade e renda dos egressos. De acordo com a secretaria, os alunos do ensino médio das escolas do PEI tiveram desempenho no último Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) 1,2 ponto maior em relação aos estudantes das escolas regulares.

Outra vantagem do modelo, segundo a Seduc, é que ele permite que os professores atuem em regime de dedicação integral a uma escola, com mais tempo para estudo e preparação de aula. Para isso, recebem uma gratificação de 75% no salário-base. Hoje 417 escolas da rede estadual já funcionam nesta modalidade.

Na avaliação da estudante Julia Farias, que se formou ano passado na Escola Técnica (ETEC) Professor André Bogazian, em Osasco (SP), o ensino integral tem que ir além das horas de estudo e precisa se preocupar com o bem estar dos alunos. “Precisamos ter contato com esportes, lazer, artes, porque essas coisas têm importância de verdade na vida da gente. Essas 10 horas precisam ser prazerosas, o problema não é o tempo, é como a gente usa o tempo. A minha escola foi ótima, só que realmente foi um tempo que eu fiquei um tanto estressada porque eu só estudava”, destacou Julia.

Apesar do ritmo puxado, ela acredita que a formação técnica fez diferença na hora de conseguir um emprego. Hoje ela trabalha no departamento de marketing de uma empresa de tecnologia, fazendo a prospecção de clientes. “Minha formação fez toda a diferença para conseguir emprego, e ainda, se hoje eu quiser montar uma empresa minha, tenho todo o conhecimento que adquiri no curso técnico.”


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