A invenção é denominada Mind Field Communication (MFC) e o protótipo consiste em um sensor eletroencefalográfico que mapeia os sinais neurais para reproduzir os impulsos cerebrais em letras e palavras.

Um capacete que “lê os pensamentos” e permite que pessoas portadoras de enfermidades extremamente debilitantes comuniquem frases através do código Morse. Esse foi um dos protótipos de invenções criadas na Zona Franca de Manaus (ZFM) e desenvolvidas pela equipe do pesquisador Manuel Cardoso, a partir de recursos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), apresentado ao superintendente da autarquia, Appio Tolentino, representantes de empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e potenciais investidores, nessa quarta-feira (7), na sala de reuniões do Gabinete, na sede da SUFRAMA.

A invenção é denominada Mind Field Communication (MFC) e o protótipo consiste em um sensor eletroencefalográfico que mapeia os sinais neurais para reproduzir os impulsos cerebrais em letras e palavras. O MFC é composto por um aparelho que se assemelha a um capacete headset, mas com sensores que buscam as áreas motoras primárias do cérebro para realizar a leitura dos sinais neurais. O aparelho é de uso externo e não intrusivo, o que facilita seu uso. “A primeira versão exigia concentração para o computador captar as ondas eletromagnéticas produzidas pelo cérebro, mas alguns doentes não conseguem se concentrar devido ao grau da enfermidade. Precisávamos, então, encontrar uma forma mais natural e que exigisse o mínimo esforço para captar os dados neurais do usuário. A grande sacada dessa invenção é o uso do código Morse”, frisa Cardoso sobre o sistema criado por Samuel Morse, em 1835, que representa letras, números e sinais de pontuação apenas com uma sequência de pontos, traços e espaços.

Conforme o pesquisador, o código Morse foi escolhido para facilitar a utilização de pessoas portadoras de doenças como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) – doença que faz seus portadores perder progressivamente a capacidade físico-motora, mas que não afeta a atividade cerebral e a cognição. “Estamos falando de pessoas que precisam até usar esparadrapo nas pálpebras para manter os olhos abertos e correm risco de sufocarem com a própria saliva. Pessoas que não têm vida física, apenas intelectual. O MFC se fixa na leitura região primária motora do cérebro (pontos FC5 e FC6) e para representar o ponto, o usuário pensa em “empurrar”. Para o traço, o pensamento é “puxar”. No computador, há o alfabeto em Morse e a funcionalidade de autocompletar para o usuário formar palavras, frases e se comunicar. Inclusive, para alertar, por exemplo, que precisa de socorro urgente”, explicou. Na demonstração, um funcionário da Map Technology usou o protótipo e formou as palavras: amar, vida e aspirar.

Tomada inteligente – Outra invenção destacada por Cardoso é a tomada inteligente, aparelho criado para controlar o consumo de energia de acordo com a necessidade do usuário. A proposta é conectar a tomada a um eletrodoméstico e, a partir daí, um aplicativo começa a armazenar todos os dados de consumo e uso da energia elétrica. Com base nessas informações, o usuário poderá saber quais produtos consomem mais energia e definir um limite máximo de consumo conforme suas necessidades. “Com a tomada inteligente, também é possível para o fabricante verificar o desempenho do eletrodoméstico e prever a obsolescência, quando ele precisará de reparo ou ser trocado”, salientou, acrescentando que empresas do PIM já o procuraram para usar a tomada para incluir nos testes de qualidade dos produtos, a verificação do desempenho do produto, observar anomalias, seu comportamento diante de picos de energia e o seu consumo elétrico. A demonstração do uso da tomada inteligente foi realizada em um secador de cabelos, um “vilão” do consumo de energia elétrica.

O professor Manoel Cardoso apresentou ainda o “Giulia”, que consiste num software de computador que se pode baixar para o telefone celular e uma pulseira-sensor, que transforma em áudio os gestos feitos na língua brasileira de sinais (Libras). Cardoso também é responsável por outra tecnologia assistiva (TA) desenvolvida por profissionais amazonenses, o mouse ocular, pelo qual o mouse é direcionado pelos movimentos dos olhos.

O superintendente da SUFRAMA, Appio Tolentino, ressaltou que a autarquia incentiva a inovação e trabalha para tornar o modelo ZFM um ambiente propício para o desenvolvimento de soluções que impactam positivamente a qualidade de vida das pessoas. “Esses projetos mostram que no Amazonas não somos apenas fabricantes, mas também desenvolvemos inteligência e pesquisa. Precisamos também agir como divulgadores e mostrar pra sociedade e para os empresários a importância de projetos como estes do professor Manuel Cardoso”, afirmou Tolentino.

TA – O termo tecnologia assistiva agrupa dispositivos, técnicas e processos que podem prover assistência e reabilitação e melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. A tecnologia assistiva promove maior independência, permitindo que as pessoas com deficiência executem tarefas que anteriormente não conseguiam ou tinham grande dificuldade em realizar por meio de melhorias ou de mudanças de métodos de interação com a tecnologia necessária para executar estas tarefas.

Fonte: SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus
Whatsapp Redação: (92)99191- 9814