Um grupo de 200 indígenas está realizando, neste momento, uma manifestação em frente à prefeitura do município de Manaquiri (a 60 quilômetros de Manaus). Eles reivindicam o atraso de salários.

A professora Aline Santana, umas das apoiadoras da manifestação, informou que os indígenas estão há mais de seis meses sem receber e, devido a isso, resolveram realizar o protesto.

“Eles estão com os salários atrasados desde o ano passado. Professores, profissionais de serviços gerais e os barqueiros foram prejudicados e, por conta disso, as aulas nas comunidades indígenas foram suspensas há um mês. Eles ainda estavam comprando combustível e merenda para as crianças com o dinheiro do próprio bolso, mas, até agora, não conseguiram mais manter os gastos”, explicou a professora.

Ao todo, nove etnias – Moura, Munduruku, Apurinã, Kulina, Caixidu, Muriaé, Koyama,Chaparé Kocama, que fazem parte de 14 comunidades ribeirinhas de Manaquiri – participam do manifestam.

“Só queremos ter o nosso direito. Estamos trabalhando de graça e queremos receber nosso pagamento. Tem professores que estão, desde o ano passado, sem receber os salários. O décimo-terceiro também não foi pago. Cansamos de tanta mentira. O secretário de educação garantiu que o dinheiro vai estar amanhã na conta, porém, não é a primeira vez que ele fala isso. Só vamos sair da frente da prefeitura, quando formos atendidos pelo prefeito e que nos dê um posicionamento concreto”, disse um dos uns líderes da manifestação, Pedro Santa Rita, da etnia Muduruku.

De acordo com o secretário de educação do município, Anedy Damasceno, os indígenas não estão com os salários atrasados desde o ano passado. Segundo ele, apenas os meses de março e abril de 2016 não foram pagos, mas, no início da tarde de hoje, o dinheiro referente a abril  foi pago e amanhã o restante será depositado.

“Pagamos o mês de abril hoje e a manhã vamos depositar o restante, referente a março. Eles não estão com os salários atrasados desde do ano passado, pois em 2015, eles somente prestavam serviços para a prefeitura. Neste ano, devido a uma lei que foi aprovada na Câmara, eles foram efetivados e agora são de fato funcionários da prefeitura. Na verdade, quando eles dizem que estão desde do ano passado sem receber é porque querem uma indenização referente à época em que trabalhavam como prestadores de serviço, mas isso não será feito pois não tinham nenhum vínculo direito conosco, somente prestavam serviço”,  concluiu o secretário.

Construção de escola

O indígena Pedro Santa Rita ainda informou que uma escola foi construída na comunidade Andorinha, situada no lago do Italiano, pelos próprios indígenas sem o auxílio da prefeitura, mas depois que a mesma estava construída, o prefeito da cidade, Aguinaldo Martins Rodrigues (Pros), divulgou em um jornal local, que o prédio havia sido erguido com os recursos municipais, o que deixou os indígenas revoltados.

“A comunidade construiu a escola e depois o prefeito divulgou como se  a obra fosse dele. Isso é uma palhaçada. Esse prefeito nunca para na cidade. A escola foi erguida pelo esforço dos moradores, realmente a prefeitura tinha um projeto para a construção da escola, mas estava dando desculpa falando que não tinha verba, por isso, as etnias daquela comunidade construíram”, finalizou.

Por Mara Magalhães